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POESIA :: Colecção Musa Irregular « anterior
Sortilégios da Terra (Ref.: 978-972-99563-6-2)
 
11,10 €

«Sortilégios da Terra» de Zetho Cunha Gonçalves

 

     O projecto deste livro é um regresso: «Mudar de sol – re­gressar / à pele interior do ar.» Nascido em Nova Lisboa (1960) é em Lisboa que o po­eta recorda os sortilégios da terra: «Tabaibeiro não morre de velhice / nem de sede, do­ente – fruto esquecido de apanhar logo se transforma em folha – escultura mudá­vel, permanente. / Não tarda – sortilégios da terra: dá fru­to.» A poesia deste livro sur­ge da memória de um tempo passado. Para o fazer viver de novo o poeta canta no pre­sente: «Loengueiro não se planta - nasce: / sortilégio da terra, / no meio do mato, / pe­las terras todas / do Huambo – até ao mar.» O poema não só nomeia o espaço e o tem­po; inscreve-se como espa­ço e tempo: «Churiungo / é das palavras mais antigas – a voz, / fruto bilingue / da in­fância.» O poema tem a for­ma da cabaça porque a ca­baça tem a forma de poema: «Crescem ao rés da terra / sob a manta longa / de fres­cura e sombra – para luga­res de repouso / fermentação da quissângua e da capata – as cabaças. / Crescem ao rés da terra / imputrescíveis, / esculturados poemas – as ca­baças.» O poema surge como uma ponte entre as terras do fim da Europa e as terras do fim do Mundo: «No Cutato as montanhas dançam – de gente / e de caminhos do mato / ao meio-dia.em ponto. / No Cutato / entre Vila da Ponte / e o Chilandangombe / a cami­nho de Menongue / ou do Chitembo / abrem-se as portas das terras do fim do Mundo»

     Este é um livro de quem co­nhece bem a terra, seus rit­mos («Criança come goiaba – vai no mato: nasce goiabeira. / Quatro luas e uma chuva depois.») e seus desígnios: «a Terra que tudo dá, tudo, tudo devora!»

 

José do Carmo Francisco




 


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