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POESIA :: Colecção Musa Irregular « anterior
A Árvore Seca (Ref.: 978-972-99563-7-9)
 
16,65 €

«A árvore seca» de Alexei Bueno

 

     Alexei Bueno (Rio de Ja­neiro, 1963) publica regularmente poesia desde 1984 além de ter editado diversas obras completas (poetas brasileiros e portugueses) e de ser um excelente tradutor de poesia – Põe Longfellow, Mallarmé, Tasso e Leopardi, entre outros.

     Para dar aos nossos leitores uma ideia da poesia deste autor vejamos este espantoso retrato do Brasil no poema «Speculum Patrie»

 

Um povo feio, essencial­mente feio,

Fora os meio imigrantes. Cada dia

Uma outra humilhação que se anuncia,

Um saque, um roubo, sem controle ou freio.

Uma horda de imbecis, de olho no alheio,

Cuja rapi­na é a única mestria

Pretensamente os donos da alegria

Da esperteza, da graça e Deus no meio.

Um pátio dos milagres dos de­votos

De tudo, irracionais, analfabetos

A orar, a pra­guejar, a cumprir votos,

À espera do que os salve, em meio a insectos,

A matar-se, a banhar-se nos esgo­tos

Das praias sem iguais, entre os dejectos.

 

     Trata-se de uma poesia que não teme chamar as coisas pelos seus nomes embora também não deixe de reflectir sobre a poesia (ela mesma) e os poetas. Como em «Fernando Pes­soa»:

 

Venceste. O reino é teu. Torceste a sina.

Compraste a vida in­victa com a outra vida.

sem ter sido, ela é a nossa.

A som­bra puída

Do teu corpo nos guia em cada esquina.

 

     No posfácio Gil de Carva­lho chama a atenção para o facto de Bueno ser «um po­eta de várias culturas». O mesmo é dizer um poeta a descobrir pelos leitores por­tugueses. Com toda a ur­gência e para seu proveito intelectual. Porque nem só de pão vive o homem.

 

José do Carmo Francisco




 


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