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POESIA :: Colecção Musa Irregular « anterior
Estórias de Coisas (Ref.: 978-989-8137-16-6)
 

«Estórias de Coisas» de José-Alberto Marques

 

     José-Alberto Marques (Torres Novas, 1939) foi, a par de Mário Cesariny, Herberto Hélder e Natália Correia, um dos poetas revelados pela Contraponto. Este seu livro de 1971 foi apreendido pela PIDE. Deve ter sido pelo poema: Os presos «os presos penso eu que um chefe de cadeia divide / os presos em várias categorias: a) assassinos; b) ladrões; c) burlões; d) políticos; e)... f)... g)... / não gosto de cadeias, já uma vez estive preso por / recitar poemas à noite e foi curioso porque / 6 meses antes eu era o delegado do procurador da / república interinamente e os guardas conheciam-me / muito bem. paguei 500$00 fui com o Rodrigues / não tenho a certeza mas creio que o chefe não / inutilizou os selos todos / não gostava de ser preso outra vez /já não recito poemas à noite / agora vou fazer um pedido aos nosso governantes: / acabem com os presos da alínea d)». Pode ter sido por As cidades: «as cidades conhecem-se pelo mercado / se os faxinas compram arroz / o tenente e o capitão estiveram na índia e em Timor». Ou então Os polícias: «os polícias são assim homens com uma farda e não são militares / estão sempre à esquina e sempre longe dos acontecimentos / a propósito ontem soube /que ganhavam à volta de 2000$00 / e têm família quase todos». Há um registo lírico em As chuvas: «a chuva digamos que é água lágrimas brancas») ou em As árvores («um dia eu disse: as árvores são mulheres vestidas de ramos / ou disse: as mulheres são árvores coberta de cabelos») ou As janelas: «as janelas abertas são muito importantes / a gente vê passar as procissões, os carros / tenho recordações de janelas que só eu sei / as janelas fazem-me lembrar olhos e traições».

     Esta edição coloca ao dispor dos leitores actuais um livro proibido em 1971 com, segundo o autor do posfácio, «uma das mais altas realizações da lírica do nosso tempo.

 

José do Carmo Francisco




 


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